Sobre

Humberto Figueiredo

Cresci numa família grande, e, desde que me lembro, sempre me habituei a lidar com os animais. Os meus pais tinham ovelhas e Cães de Gado Transmontano.

Nós éramos 9 irmãos e, de todos, era eu quem, desde muito pequeno, mais gostava de acompanhar os meus pais quando saíam com as ovelhas. Preferia andar com as ovelhas do que ir à escola e, por isso, assim que acabava as aulas, em vez de ir jogar à bola com os outros rapazes, vinha para casa cuidar das ovelhas com os meus pais. Os meus irmãos não gostavam muito desta vida e acabaram por emigrar quando chegaram a adultos. Mas eu sempre fui pastor. Nunca tive outra profissão. Terminei a tropa e voltei logo para aqui, para os meus animais.
“É preciso gostar dos animais para conseguir trabalhar com eles. É preciso ter jeito. E eu acho que isso se cultiva desde pequenino.”
Os meus pais já eram criadores desta raça. A Ovelha Churra Galega Bragançana Branca. E eu continuei porque acho que estas são as mais resistentes, as que se adaptam melhor a esta região e as mais bonitas.

A minha mulher ajuda-me na exploração. Logo pela manhã, venho para a curriça tratar dos animais, depois vou almoçar e de seguida regresso para levar as ovelhas a pastar. No Verão, fechamos as ovelhas das 10h às 18h30 para irmos tratar da agricultura. Mas depois da hora do calor e do trabalho agrícola, andamos com o gado pelo campo.

Para além das ovelhas, também fazemos criação de Cães de Gado Transmontano. Eu já gostava muito destes cães, mas quando a raça foi certificada pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), começámos a criar para vender. Vendemos para Portugal e para o estrangeiro. E, às vezes, oferecemos a alguns pastores. Os meus cães também participam em concursos da raça porque eu tenho muito cuidado com a forma como os seleciono para os cruzamentos.

É preciso gostar dos animais para conseguir trabalhar com eles. É preciso ter jeito. E eu acho que isso se cultiva desde pequenino.